A eucaristia e o mistério da hóstia

  • Vemos então um círculo de trigo num sol brilhoso de metal. Para os incrédulos, é trigo e metal. Para os acusadores pode ser qualquer coisa, dizem até que o ostensório representa um deus pagão. Mas a Bíblia explica o ostensório, pois este leva o corpo de Cristo. Do mesmo jeito que as profecias levaram a Cristo o último livro profético da Bíblia fala de um novo sol, o sol da justiça.

    Ml 3,20 (Bíblia cristã), Ml 4,2 (Bíblia protestante): “Mas para vós que temeis o meu nome, brilhará o sol da justiça, que tem a cura em seus raios. Vós saireis e saltareis como bezerros de engorda”. Em procissão na missa sacramentada vem o Sol da justiça levando o corpo de Cristo, que é a hóstia consagrada. Jo 6,51: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, † entregue pela vida do mundo”.

    Na comunhão recebemos a palavra feita carne, enchimento celestial para os que crêem num Cristo encarnado e ressurreto. Sl 81,11 (Bíblia cristã) 81,10 (Bíblia protestante): “Abre tua boca, e eu a encherei – Dilata os tuum, et implebo illud”. O interessante é que Cristo dá autoridade aos apóstolos de fundamentar sua Igreja. Lc 10,16: “Quem vos ouve a mim ouve”. Jesus não dá autoridade ao fundamento de outros homens, pois esses são mentirosos segundo a escritura (Rm 3,4). Por isso a Bíblia não admite outras representações do corpo de Cristo, a não ser a hóstia.

    Se há um só Deus também há apenas um pão. 1Co 10,17: “Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão”. Vemos essa ritualística em todas as comunidades fundamentadas por apóstolos nesses dois milênios, tanto nas ocidentais romanas como nas orientais ortodoxas.

    É importante reverenciar a hóstia antes de recebê-la, como dizia Santo Agostinho: “Ninguém coma aquela carne, se antes não a adorou. Pecamos se não a adoramos”. O cálice que acompanha representa o sangue de Cristo que é o Novo Testamento, e no Novo Testamento mostra que muitas vezes essa ritualística é só o pão sem o cálice, como fizeram os apóstolos em Atos.

    At 2,46: “Perseverantes e bem unidos, freqüentavam diariamente o templo, PARTIAM O PÃO pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração”. Observe que nessa passagem só se parte o pão, como também em At 2,42, At 20,7 e At 27,45. Vemos nessas passagens o costume de partir o pão aos domingos (At 20,7) e diariamente (At 2,46). Não existe na história dos apóstolos o partir do pão mensal ou anual.

    Como em nossa primeira eucaristia temos também a hóstia embebida em vinho. Vemos essa solenidade em 1Co 11,26-28. Como sabemos que a palavra se fez carne dentro do ventre de Maria (Jo 1,14) vemos o receber da palavra de Deus como alimento, desde o profeta Ezequiel. Ez 2,8: “E tu, filho do homem, escuta o que eu te digo: não sejas rebelde, como essa raça de rebelados. Abre a boca e come o que te vou dar”. Ez 3,2: “Abri a boca e ele me deu o rolo para comer”.

    A palavra de Deus é alimento vivo representado na hóstia, que é o corpo de Cristo (Dominus est – É o Senhor!). Como falava o então cardeal Joseph Ratzinger, hoje papa Bento XVI: “Nós não ascendemos mais a grandeza do momento da comunhão, mas arrastamos o dom do Senhor para baixo, ao ordinário da livre disposição, a cotidianidade”. Por isso não devemos comungar indignamente se vivemos em pecado nem de forma trivial como um comportamento cotidiano.

    O padre Alexij Saridski (sacerdote ucraniano grego-católico, morto como mártir em 1963 perto de Karaganda e beatificado pelo papa João Paulo II em 2001) passava dias sem comer ou dormir para que os fiéis se confessassem e pudessem comungar.

    A sagrada eucaristia “ευχαριστία” – “ação de graças” é o sacrifício de Cristo nos amando de forma extrema em sua paixão, para que o pão partido represente a ação da caridade para nos doarmos como Ele se doou e amarmos como Ele amou, em reverência ao novo mandamento. Jo 13,34: “Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.

    Além de adorar a hóstia temos que nos encher de caridade. Assim como Ele se doou devemos nos doar.

    “Que façam o possível para que o gesto, na sua simplicidade, corresponda ao seu valor de encontro pessoal com o Senhor Jesus no sacramento” (sacramentum caritatis, 50).

    Amém

    Paulo Leitão De Gregorio

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“Quando os convido a ser santos, peço que não se conformem em ser de segunda linha,
mas que aspirem a um “horizonte maior. Não se conformem em ser medíocres.
Papa Bento XVI”

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